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sexta-feira, 22 de maio de 2020

Gripe espanhola

A grande gripe de 1918


Nathália Sampaio
Herbert Timóteo


De tempos em tempos, a humanidade é desafiada a lidar com alguma situação cujo controle lhe escapa. Uma catástrofe se abateu sobre o mundo no ano de 1918. A gripe espanhola, que de espanhola não tinha nada, foi a grande pandemia que se abateu sobre o mundo no século XX e, em muitos aspectos se assemelha à atual Covid-19. Essa pandemia teve início no ano de 1918 e ocorreu em três ondas, no período de um ano e meio. Convidamos nosso leitor a acompanhar a história daquela que ficou conhecida como a grande gripe e perceber que muitos erros do passado ainda se repetem na atualidade.

A doença não surgiu na Espanha, apesar de ter recebido o nome de “gripe espanhola”. Como o pico da contaminação ocorreu durante a 1ª Guerra Mundial, os países envolvidos censuravam notícias sobre o número de mortos, para evitar pânico entre as tropas e consequente diminuição de seu poder ofensivo. Uma vez que a Espanha não participou da guerra, mantendo-se neutra no conflito, os jornais do país tinham liberdade para publicar sobre a epidemia. Com a divulgação de um número alto de casos na Espanha, logo o país passou a impressão ao mundo de que lá teve origem a doença, daí o nome “gripe espanhola”.

Entre os anos de 1918 e 1919, o vírus matou mais de 50 milhões de pessoas no mundo, atingindo todas as camadas sociais. Vitimou o presidente eleito do Brasil na época (Rodrigues Alves), o poeta Olavo Bilac e até o avô do presidente norte-americano Donald Trump. O deslocamento das tropas durante a Primeira Guerra ajudou a disseminar a doença. Entretanto, os navios de mercadorias e dos correios fizeram com que o vírus chegasse a quase todos os lugares do mundo. As cidades litorâneas foram as que apresentaram maior número de mortos.

A origem não é totalmente conhecida, mas os primeiros casos divulgados foram em militares americanos. No Brasil, o vírus chegou por um navio inglês Demerara, que fez várias paradas nos portos brasileiros e trazia pessoas doentes. Foram cerca de 35 mil mortos. Os recursos tecnológicos da época eram limitados: não havia microscópios apropriados para análises das amostras colhidas dos pacientes, tampouco antibióticos para as infecções secundárias. Atualmente sabe-se que a doença é causada por um vírus do tipo Influenza - semelhante ao H1N1- e que sofreu mutações, passando de aves para humanos.

A gripe foi subestimada pelos governos - inclusive o brasileiro - o que retardou o combate rápido. No início, era tida como doença de velhos, mas o maior número de vítimas foram os adultos de 20 a 30 anos, principal força de trabalho na época. Há quem diga que a flexibilização dos contratos de trabalho acarretou a demissão em massa, o que levou as pessoas para as ruas em busca de emprego, o que acelerou o contágio.



O sistema de saúde entrou em colapso rapidamente e medidas emergenciais tiveram que ser tomadas. Isolamento social, proibição de aglomerações, uso de máscaras, construção de hospitais de campanha e incentivo ao uso de veículos particulares eram prática incentivadas no mundo todo. Escolas, igrejas e repartições públicas foram fechadas e os campeonatos de futebol adiados. As famílias ricas se isolaram nas fazendas, enquanto o restante da população aglomerava-se nas cidades.

 




















O grande número de doentes e de mortos revelou que nenhum país estava preparado para epidemias desse porte. No Brasil, não havia caixões e nem coveiros suficientes para realizar os enterros. Os corpos eram deixados nas ruas e até os presidiários foram convocados para realizar os enterros. Como não havia hospitais públicos, as pessoas eram atendidas nas Instituições de Caridade, nas Santas Casas, nas unidades Cruz Vermelha e até nas delegacias. Neste contexto, os governantes perceberam a necessidade de estruturar os Sistemas de Saúde o que, no Brasil, lançou as bases para a criação do Ministério da Saúde em 1930.

As pessoas eram medicadas para o alívio dos sintomas, os quais incluíam dor de cabeça aguda, febre alta, calafrios, tosse seca, dores no corpo, diarreia e cansaço. Os casos mais graves evoluíram para falta de ar e cianose (escurecimento das extremidades). Dada a sobrecarga dos hospitais, pacientes que apresentavam os pés “escuros”, raramente eram atendidos, pois dificilmente sobreviveriam. Surgiu um boato de que hospitais serviam um chá para os doentes graves o que lhes acelerava a morte para que os leitos fossem desocupados rapidamente.







Surgiram muitos remédios “milagrosos”, os quais esgotaram-se nas farmácias, a maioria deles sem efeito algum: produtos a base de quinino, fórmulas com canela e gargarejos. A caipirinha, tradicional drinque brasileiro, teria surgido também como um remédio para o tratamento da gripe.

Tão rapidamente como surgiu e se espalhou, a gripe teve fim: cerca de 70% da população dos países atingidos teve contato com o vírus em pouco mais de um ano, o que permitiu o status de imunidade coletiva.






Assista a esse pequeno vídeo sobre a gripe espanhola











4 comentários:

  1. Muito interessante todos esses dados, ainda mais pela semelhança com o momento atual. Será que temos dados de como foi o comportamento das pessoas no período pós pandemia? Do contato humano, aglomerações? E como foi a recuperação da economia neste período?
    Parabéns pelo blog.
    Juliana Flores.

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    1. Uma das informações que conseguimos foi que a segunda onda aconteceu em sequência ao término da Guerra, pois as pessoas confundiam o fim da guerra com o fim da pandemia e saíram às ruas. Daí o contágio aumentou rapidamente.

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  2. Outro grande problema foi que as pessoas não tinham muitas informações a respeito da epidemia, por questões políticas. Os meios de comunicação não falavam muito sobre o assunto. Na maioria das vezes as notícias eram deturpadas, passando uma falsa imagem de segurança. O que se sabe é que a imunidade de rebanho foi atingida rapidamente.

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  3. Ei, Juliana, obrigado pelos comentários. Com relação a sua questão, como Nathália relatou, houve a imunidade de rebanho, já que o número de contaminados foi enorme, assim como a mortalidade. Vamos pesquisar dados sobre a economia para te responder. O mundo já estava combalido com a guerra, o que por si só já dificultaria a reação econômica. Mas até por causa da guerra o Brasil aumentou a produção industrial com o objetivo de suprir o mercado europeu já que as indústrias europeias levaram tempo para se reerguer.

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